quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O que acontece ao nosso lixo?

Por vezes parece-me que a maioria das pessoas acha que o lixo “desaparece” por artes mágicas. É colocado no contentor – de lixo indiferenciado ou, caso o cidadão seja mais consciente, nos respectivos ecopontos – e depois evapora-se, como que por magia.
O problema é que a maioria das pessoas não pára para pensar nisso, nunca visitou uma lixeira ou aterro, um centro de triagem, de compostagem ou de incineração.
Já visitei todos estes, bem como centros de reciclagem de plástico e vidro (não me recordo de visitar centros de reciclagem de papel).
Visitar um aterro sanitário é uma experiência única, que nos abre a mente. O que acontece num aterro? Toneladas e toneladas de lixo, recebidas todos os dias, são colocadas em grandes “buracos” (que têm de ser bem isolados para garantir que as águas “lixiviantes”, resultantes da degradação dos resíduos não penetrem no solo, contaminando este e os aquíferos de água). Depois de compactados, os resíduos são tapados com uma camada de areia. Após atingir a capacidade daquela  célula (local onde os resíduos são colocados), esta tem de ser encerrada. Num aterro bem construído, existem drenos para encaminhar as águas contaminadas para tratamento e sistemas de captação dos gases formados (metano e outros) para igual tratamento. Mas tal não acontece nos aterros mais antigos… (vulgo lixeiras).

E o que acontece ao lixo lá depositado? Estudos indicam que após 40 anos (ou mais) ainda é possível identificar os resíduos lá colocados. Sejam resíduos orgânicos (uma casca de banana, por exemplo), sejam inorgânicos (roupas, plásticos, etc.).
Daí ser importante que:
  • sejam produzidos menos resíduos
  • seja dado um destino final adequado a cada um deles (compostagem no caso dos resíduos orgânicos, reciclagem no caso do vidro, papel, embalagens)
De modo a que aos aterros vão parar apenas os resíduos que não podem ter outro tipo de destino. E, a bem dizer, será uma quantidade bem menor do que a actual.
E o que podemos todos fazer?
  • Reduzir a produção de lixo: recusar (objectos desnecessários, sacos, brindes, publicidade, etc.), escolher objectos com menos embalagens, dar o que não se necessita, tentar reutilizar objectos para outros fins, evitando comprar outros objectos. No caso da roupa, doar a instituições ou colocar nos contentores de recolha de roupa (polémicas aparte, parece-me melhor colocar ali do que no contentor do lixo indiferenciado);
  • Fazer uma boa triagem dos resíduos, encaminhando o que for reciclável para os ecopontos. Grandes quantidades podem ser entregues nos ecocentros, em alguns municípios pode combinar-se um dia para recolha de monos (electrodomésticos, móveis, etc.).
  • Se possível, fazer compostagem. Há quem faça em casa, vermicompostagem, por exemplo.  Quem tem quintal, não necessita de grandes aparatos, eu coloco os meus resíduos compostáveis num canto do jardim. Para ficar mais bonitinho pode construir-se um compostor. E para facilitar esta tarefa, sugiro a colocação de um pequeno balde com tampa junto à bancada da cozinha, basta ir colocando aqui os materiais compostáveis e quando der jeito levar o balde até ao local da nossa compostagem.

Sugiro o seguinte exercício: num dia “normal” da vossa família, pesem os resíduos produzidos. Desde os recicláveis aos da cozinha, casa de banho, etc..
Já fiz esse exercício, não me recordo de quanto produzia, mas sei que fiquei algo chocada. Hoje em dia produzo bem menos, talvez um saco pequeno na cozinha (semanal) e o saco do wc. No entanto, plásticos para a reciclagem ainda são demasiados!

sábado, 22 de dezembro de 2018

Introdução à Ética Ambiental

As diferentes modalidades de ética ambiental possuem uma base comum: a defesa do meio natural. Assim, uma ética ambiental é sempre “um convite para o desenvolvimento da moralidade. Toda a ética busca o respeito pela vida, mas o respeito pela vida humana é apenas um sub-aspecto do respeito pela vida em geral. Em termos práticos, o desafio último da ética ambiental é a conservação da vida na terra” (Ralston, citado em SEA).


Desde os anos 70 que a Filosofia tem vindo a alargar o seu campo de reflexão à natureza e ambiente, os quais se relacionam de forma íntima com o Ser Humano. Com esta visão alargada pretende-se compreender a relação do Homem com o mundo “não humano”, a profundidade e riqueza desse mundo, a estreita do homem face à Natureza e a sua responsabilidade perante ela.
Foram então surgindo diferentes correntes, que se podem agrupar em 2 grandes grupos: ética antropocêntrica e as éticas não-antropocêntricas.
A ética antropocêntrica defende a preservação da Natureza em nome das gerações futuras, considerando o Homem como o “sujeito principal da ética”. A preocupação com o ambiente decorre do impacto que este tem para os humanos, seja em termos de saúde ou outros, e não do respeito próprio pela natureza e ou seres da natureza.
Relativamente às éticas não-antropocêntricas, estas dividem-se em dois grandes grupos: as éticas extensionistas e as éticas holísticas.
As primeiras estendem o critério de ser moral a outros seres que não apenas os humanos (seja pelo critério da senciencia [sentimentos], seja pelo critério da consciência de si [direitos]). São exemplos:
  • Animais superiores (Tom Regan): ética dos direitos dos animais
    Todos os animais dotados de sensibilidade (Peter Singer): ética de libertação animal
    Biocentrismo (Paul Taylor): todas as formas de vida são igualmente importantes, não sendo a humanidade o centro da existência
As éticas holísticas estendem a consideração moral a toda a Natureza, incluindo os seus elementos abióticos - ar, água, solos. São exemplos:
  • Ética da terra (Aldo Leopold, Callicott): ética ecocêntrica, da qual resulta uma visão do ser humano e da natureza como partes integrantes e interdependentes num todo. Esse todo, identificado como terra, não é apenas a ideia de terra como solo, mas sim uma comunidade que inclui “solos, água, animais e plantas;
  • Ecologia Profunda ou Deep Ecology (Arne Naess, Sessions, Warwick Fox): ética que defende que não há distinção entre o humano e o não humano de tal modo que o Homem, o seu corpo, a sua identidade, é intrinsecamente constituído pelo mundo natural.
  • Ecofeminismo (Val Plummwood, Karen Warren, Jim Cheney): ética que relaciona a histórica dominação da mulher com a dominação da Natureza e a correspondente objectualização de ambas.

(texto elaborado para uma cadeira do curso "Cidadania Ambiental e Participação - ano lectivo 2010/2011" com base nas seguintes fontes: 
Sociedade de Ética Ambiental.
Partidário, 2008.
Vaz, S; Delfino, A.; - Livro de Ética e Cidadania Ambiental da Universidade Aberta)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Plano Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo

Está disponível para consulta pública o "Plano Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo".
Este é um documento que ainda será trabalhado, constituindo a Fase 2 da metodologia de Elaboração (a Fase 3 será a produção de um texto final e a Fase 4 a execução e monitorização do plano)

O Plano Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (PRSLVT), enquadra-se nas opções estratégicas do Plano Nacional de Saúde – extensão 2020 (PNS) e, em consequência está alinhado com a estratégia 2020 da Organização Mundial de Saúde (OMS-Euro).
O PRSLVT integra os elementos fundamentais desta estratégia: Foco na saúde e no bem-estar; Governança Participativa; Whole-of-governement; Whole-of-society; Abordagem pelo ciclo de vida; Foco na Equidade; Determinantes Sociais; Empowerment dos cidadãos; Heatlh Impact Assessment; Foco no sistema de saúde.

Possui 4 objetivos:
  • Controlar a incidência e prevalência do peso excessivo e obesidade;
  • Reduzir a prevalência do consumo de tabaco na população maior de 15 anos e eliminar a exposição ao fumo ambiental;
  • Controlar a degradação da saúde mental utilizando projetos comunitários de base salutogénica;
  • Constituir protocolos de parceria com entidades de âmbito regional ou equivalente.
Assentando em 4 eixos estratégicos:
  • Cidadania
  • Afetos
  • Saúde Sustentável
  • Qualidade

Espero que os responsáveis por este plano o saibam divulgar e dinamizar, para que não seja somente (mais) um conjunto de ideias bonitas. 
Aguardemos.

Os 3 R’s já eram – os 7R’s de um bom ambientalista

Quando andei na faculdade, aprendi a “bíblia” dos 3R’s – Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Mais tarde a docente da cadeira de Resíduos apresentou-nos o 4º R – Recuperar (na altura, era exemplo a energia criada com a incineração de resíduos [estávamos no inicio do funcionamento da Incineradora da Valorsul, situada em S. João da Talha]).


Em 2007 deparei-me (com alguma surpresa, confesso, pois sempre me considerei estar bem informada sobre políticas ambientais) com os 7 R’s:
  • Repensar (será que precisamos mesmo daquele objecto?)
  • Reduzir (o consumo, as embalagens, o desperdício)
  • Reutilizar (o objecto para outro fim)
  • Reaproveitar (reparar o objecto danificado antes de o eliminar)
  • Reciclar (separar os resíduos e encaminhar para reciclagem)
  • Recusar (embalagens, objectos desnecessários)
  • Recuperar (valorização térmica, compostagem de resíduos orgânicos)
Parece-me que esta política dos 7R’s vem do Brasil, pelo menos não encontro referências em sites portugueses. E a própria definição de cada R surge com designações diferentes e com alguma confusão entre termos.
No entanto, alguns parecem-me essenciais: para além do Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recusar e Reparar deveriam estar na base!

Maslow, com a sua pirâmide de necessidades (Teoria das Necessidades Humanas), tinha tudo muito bem pensado… no entanto, a nossa sociedade baseia-se no consumo, no descartável, no fugaz... invertendo a pirâmide!
O importante é parecer e ter (quantos de nós não conhecemos o exemplo de X, Y, e Z que passam fome mas compram o telemóvel topo de gama que acaba de ser lançado?), logo as prioridades passam a ser a "Auto Realização", a "Estima" (apesar de as necessidades fisiológicas serem sempre a base, parece-me que começam a ser encaradas de forma secundária, em especial nas sociedades ditas desenvolvidas, em que à partida estão minimamente asseguradas).


Porquê?

Porque o ambiente não pode ser dissociado da saúde...
Porque temos todos de fazer algo, nem que seja alertar e sensibilizar...

Porque quero registar o que vou aprendendo nesta temática (que é também a minha área profissional).

Sejam todos bem vindos a mais um pequeno blog.

Para refletir

“Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas: a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra....